terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sete Povos da Missões

Sete Povos da Missões ou Missões Orientais são sete aldeamentos habitados antigamente pelos indígenas e fundado pelos jesuítas na região que é hoje o estado do Rio Grande do Sul. Faziam parte as seguintes missões:
  1. São Francisco de Borja
  2. São Nicolau
  3. São Miguel Arcanjo
  4. São Lourenço Mártir
  5. São João Batista
  6. São Luiz Gonzaga
  7. Santo Ângelo Custódio

A redução de São Nicolau foi a primeira a ser fundada, no ano de 1626, mas só foi em 1687 que as instalações permanentes foram inauguradas. Este espaço de tempo deve-se a fuga devido aos ataques dos bandeirantes. A população que compunha a missão se abastecia principalmente do gado. Foi a maior missão dos Sete Povos e registros indicam que no ano de 1732 haviam 7.751 índios. Este número de índios foi somente os que estavam na sede, acredita-se que existiam muito mais.

São Miguel de Arcanjo foi a segunda redução a ser construída a partir de 1687 pelos guaranis. Contava no ano de 1732 com 4.589 indígenas.

A missão de São Francisco de Borja foi fundada em 1682 e é localizada mais ao sul do que os demais povos. Ela é tão importante que pode ser considerada como a primeira missão, mesmo cronologicamente tendo sido a terceira. Isso se deve ao fato de que ao ser fundada deu-se inicio ao processo evangelizador das missões jesuítas no Rio Grande do Sul.

São Luiz Gonzaga foi fundada em 1687 e contava com 6.182 índios que habitavam a região rodeada pelos rios Uruguai, Ijuí e Piratinim. Em 1690 foi fundada a missão de São Lourenço que ficava localizado a margem esquerda do rio Uruguai e contava com 6.513 indígenas. Sete anos depois foi instalada a missão de São João Baptista que contava com 5.274 índios somente na área urbana. A última missão a ser instalada foi a de Santo Ângelo Custódio, no ano de 1706 e por sua vez contava com 5.085 índios.

O declínio dos Sete Povos começou durante o século XVIII. A região estava sendo disputada entre os espanhóis e portugueses. Ficou acertado através do Tratado de Madri, firmado em 1750, que Portugal trocaria a Colônia de Sacramento (para os espanhóis) pela região em disputa, desde que os espanhóis retirassem os jesuítas. O problema é que ninguém queria sair, nem os jesuítas, nem os índios e até mesmo os portugueses, que não queriam deixar Sacramento.

Sepé Tiaraju, indio guaraní: "Co ivi oguereco iara" (Esta terra tem dono)

A 7 de fevereiro de 1756, tombava em combate contra portugueses e espanhóis, na resistência à invasão dos Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul, o índio guarani Sepé Tiaraju.
A resistência guarani foi uma inssurreição das reduções dos Sete Povos das Missões (São Francisco de Borja, São nicolau, São Luís Gonzaga, São miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista e Santo Ângelo Custódio) contra o Tratado de Madrid (1750), que entregava definitivamente à coroa portuguesa a região das Missões e integrava à Espanha a Colônia de Sacramento).
Os índios guaranis, liderados por Sepé, não aceitaram tal imposição. Mesmo assim, padres jesuítas espanhóis tentaram convencê-los a abandonar as terras e tudo o que haviam construído, e rumar para a banda ocidental do rio Uruguai. Mas o espírito de resistência prevaleceu e os guaranis expulsaram os jesuítas das reduções, fazendo com que muitos padres tivessem que fugir para se esconder em Buenos Aires, a fim de salvarem suas peles...
“Esta terra tem dono!” bradou Sepé para portugueses e espanhóis... E ergueram-se em revolta os guaranis armados com lanças de taquara!!

Que bom se hoje o povo brasileiro se inspira-se em Sepé Tiaraju e na alma missioneira contra a opressão dos pobres, perpetrada pelos novos conquistadores (patrões, etc) e a enganção da pelegada reformista e vanguardista, os novos “jesuítas”, que tentam convencer o povo a desistir do enfrentamento contra o inimigo de classe, unindo-se a ele.

Texto parcialmente retirado e editado de HB e Midia Independente.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Por que não festejo e me faz mal o Natal


Não festejo e me faz mal o natal por diversas razões, algumas fracas, outras mais fortes. Primeiro, sou ateu praticante e, sobretudo, adulto. Portanto, não participo da solução fácil e infantil de responsabilizar entidade superior, o tal de "pai eterno", pelos desastres espirituais e materiais de cuja produção e, sobretudo, necessária reparação, nós mesmos, humanos, somos responsáveis.

Sobretudo como historiador, não vejo como celebrar o natalício de personagem sobre o qual quase não temos informação positiva e não sabemos nada sobre a data, local e condições de nascimento. Personagem que, confesso, não me é simpático, mesmo na narrativa mítico-religiosa, pois amarelou na hora de liderar seu povo, mandando-o pagar o exigido pelo invasor romano: "Dai a deus o que é de deus, dai a César, o que é de César"!

O natal me faz mal por constituir promoção mercadológica escandalosa que invade crescentemente o mundo exigindo que, sob a pena da imediata sanção moral e afetiva, a população, seja qual for o credo, caso o tenha, presenteie familiares, amigos, superiores e subalternos, para o gáudio do comércio e tristeza de suas finanças, numa redução miserável do valor do sentimento ao custo do presente.

Não festejo e me desgosta o natal por ser momento de ritual mecânico de hipócrita fraternidade que, em vez de fortalecer a solidariedade agonizante em cada um de nós, reforça a pretensão da redenção e do poder do indivíduo, maldição mitológica do liberalismo, simbolizada na excelência do aniversariante, exclusivo e único demiurgo dos males sociais e espirituais da humanidade.

Desgosta-me o caráter anti-social e exclusivista de celebração que reúne egoísta apenas os membros da família restrita, mesmo os que não se frequentaram e se suportaram durante o ano vencido, e não o farão, no ano vindouro. Festa que acolhe somente os estrangeiros incorporados por vínculos matrimoniais ao grupo familiar excelente, expulsos da cerimônia apenas ousam romper aqueles liames.

Horroriza-me o sentimento de falsa e melosa fraternidade geral, com que a grande mídia nos intoxica com impudícia crescente, ano após ano, quando a celebração aproxima-se, no contexto da contraditória santificação social do egoísmo e do individualismo, ao igual dos armistícios natalinos das grandes guerras que reforçavam, e ainda reforçam - vide o peru de Bush, no Iraque - o consenso sobre a bondade dos valores que justificavam o massacre de cada dia, interrompendo-o por uma noite apenas.

Não festejo o natal porque, desde criança, como creio para muitíssimos de nós, a festa, não sei muito bem por que, constituía um momento de tensão e angústia, talvez por prometer sentimentos de paz e fraternidade há muito perdidos, substituindo-os pela comilança indigesta e a abertura sôfrega de presentes, ciumentamente cotejados com os cantos dos olhos aos dos outros presenteados.

Por tudo isso, celebro, sim, o Primeiro do Ano, festa plebéia, aberta a todos, sem discursos melosos, celebrada na praça e na rua, no virar da noite, ao pipocar dos fogos lançados contra os céus. Celebro o Primeiro do Ano, tradição pagã, sem religião e cor, quando os extrovertidos abraçam os mais próximos e os introvertidos levantam tímidos a taça aos estranhos, despedindo-se com esperança de um ano mais ou menos pesado, mais ou menos frutífero, mais ou menos sofrido, na certeza renovada de que, enquanto houver vida e luta, haverá esperança.

Artigo do professor e historiador Mário Maestri, publicado originalmente no portal La Insignia, em dezembro de 2006.

Pescado do blog Diario Gauche