sábado, 27 de junho de 2009

História sonegada




História sonegada
Luis Fernando Veríssimo



A abertura ou não dos arquivos sobre a repressão à insurgência armada durante a ditadura militar se resume numa questão: se alguém tem o direito de sonegar à Nação sua própria História. Os debates sobre a conveniência de se remexer esse passado viscoso e sobre as razões e as causas de cada lado são secundários. A discussão real é sobre quem são os donos da nossa História. É se, 25 anos depois do fim da ditadura, os militares têm sobre a nossa memória o mesmo poder arbitrários que tiveram durante 20 anos sobre a nossa vida cívica.

Não é só a nossa história em comum que está sendo sonegada. A história individual dos mortos pela repressão também. Aos parentes são negados não apenas seus restos como a formal cortesia de uma biografia completa. Uma reivindicação que nada tem a ver com revanchismo, que só pede uma deferência à simples necessidade das famílias reaverem seus corpos e saberem seu fim. Impedir que isso aconteça para não melindrar noções corporativas de honra ou imunidade é uma forma de prepotência que, 25 anos depois, não tem mais desculpa.

Revelações como as que o "Estadão" está publicando sobre a guerrilha no Araguaia servem como um começo para o resgate da nossa memória tutelada. Não precisa mexer na lei da anistia. É mais importante para a Nação saber a verdade do que punir os culpados. E já que se liberou a História e se busca a verdade com novo animo, por que não aproveitar e investigar alguns pontos cegos daqueles tempos, como a participação de setores do empresariado em coisas como o Comando de Caça aos Comunistas e a Operação Bandeirantes, agindo como corpos auxiliares da repressão urbana, não raro com entusiasmo maior do que o dos militares ou da polícia política - como costuma acontecer quando diletantes fazem o trabalho de profissionais. Algum correspondente civil ao major Curió deve ter em seus arquivos o relato da guerra naquela outra selva.

Mas sei não, há uma tradição brasileira de poupar o patriciado quando este se desencaminha. Quando descobriram que todos os negócios com o novo governo Collor teriam que passar pela empresa do P.C.Farias, não foram poucos e não foram pequenos os empresários nacionais que aderiram ao esquema sem fazer perguntas. Nas investigações sobre a corrupção que acabou derrubando Collor, seus nomes desapareceram. E, neste caso, não foram os militares que esconderam a verdade.

Artigo de Luis Fernando Veríssimo, publicado dia 25/06/2009 em vários jornais brasileiros.

Obs: As fotos escolhidas exemplificam a repressão das forças armadas contra os opositores do regime.

sábado, 20 de junho de 2009

Quem descobriu a América antes de Colombo?


TEMPLÁRIOS
QUEM ERAM? Ordem de cavaleiros cristãos europeus
QUANDO? Por volta do ano 1300
POR ONDE? Da Europa para a América do Norte, cruzando o oceano Atlântico
O QUE VIERAM FAZER? Enterrar um tesouro. Como os templários entraram em choque com a Igreja, a saída teria sido trazer sua riqueza para a América -guardando-a em Oak Island, no Canadá
POR QUE NÃO FICARAM? Só queriam a América como um esconderijo
VESTÍGIOS Escavações realizadas em Oak Island desde o século 19 encontraram túneis e algumas construções. Mas nada de tesouro...
SE BEM QUE... Uma das hipóteses é que as estruturas teriam sido erguidas por piratas da região, não por templários

VIKINGS
QUEM? Um povo que viveu na Escandinávia
QUANDO? Por volta do ano 1000
POR ONDE? Da Escandinávia para a Islândia, e da Islândia para o Canadá. O navegante Leif Eriksson teria visitado a Terra de Baffin e a Terra Nova, ambas no Canadá, e a região de Cape Cod, nos Estados Unidos
O QUE VIERAM FAZER? Explorar o litoral e comerciar com nativos
POR QUE NÃO FICARAM? Eles teriam desistido de colonizar a região por ser muito distante de seu local de origem
VESTÍGIOS Em 1961, exploradores noruegueses encontraram no povoado canadense de L'Anse Aux Meadows os primeiros túmulos vikings já descobertos na América
SE BEM QUE... Há evidêndas, mas nenhuma prova definitiva da viagem

CHINESES
QUANDO? Século 15
POR ONDE? Pela Ásia, cruzando o Pacífico e desembarcando na costa oeste americana. O almirante chinês Zheng He pode ter chegado à América em 1421
O QUE VIERAM FAZER? Explorar o inundo, como eles fizeram em outros lugares
POR QUE NÃO FICARAM? Pindaíba. Anos depois da viagem de Zheng He, o imperador chinês proibiu a exploração dos oceanos, assustado com os altos custos da aventura
VESTÍGIOS Segundo especialistas, os mapas desenhados por Zheng He teriam sido copiados mais tarde por navegadores europeus, inclusive Cristóvão Colombo, o "descobridor oficial"
SE BEM QUE... Como eles não deixaram colônias, sua presença na América ainda é contestada



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A reportagem, extraída da revista Mundo Estranho (Novembro de 2006, página 59), foi cedida por uma aluna, que pesquisou e trouxe para a sala de aula.
O material corrobora com a teoria de que Cabral talvez soubesse da localização do Brasil, e que o "descobrimento" foi, na verdade, o ato de tomar posse da terra para o rei de Portugal.

Pessoalmente, entre as hipóteses levantadas pela revista, prefiro a dos chineses. Uma das principais razões é devido a dificuldade que fenícios e vikings teriam para atravessar o oceano com embarcações de baixo calado. A hipótese dos templários está mais para lenda, a lenda de um tesouro escondido, que de alguma forma sempre está no imáginário popular, e é reproduzida de diferentes maneiras. Alguns filmes podem ser relacionados a este conteúdo:
- Desbravadores (Patchfinder)
- A Cruzada
- Apocalipto







Embarcação Fenícia





















Embarcação Viking

sábado, 13 de junho de 2009

O Achamento e o período pré-colonial



Período Pré-Colonial (1500-1530)

O interesse pelo Oriente – A armada de Pedro Álvares Cabral, em verdade, dirigia-se às “Índias” mas, seja acaso, tormentas, calmarias ou por propósito (o mais provável) chegou ao Brasil em 1500. Apesar de ter tomado posse da terra em nome do rei de Portugal, o principal interesse da monarquia, enfatize-se estava voltado para o Oriente, onde estavam as tão cobiçadas especiarias.

O “Achamento”

A Carta de Pero Vaz de Caminha fala em “achamento” destas terras, não fala em “descobrimento” ou “casualidade”. Tudo indica que, realmente, procuravam alguma terra, e a acabaram “achando”... O relato abaixo permite-nos uma idéia de como aconteceu este “achamento” segundo relatos de marujos da esquadra cabralina.

Na terça-feira à tarde, foram os grandes emaranhados de “ervas compridas a que os mareantes dão o nome de rabo-de-asno”. Surgiram flutuando ao lado das naus e sumiram no horizonte. Na quarta-feira pela manhã, o vôo dos fura-buchos – uma espécie de gaivota – rompeu o silêncio dos mares e dos céus, reafirmando a certeza de que a terra se encontrava próxima. Ao entardecer, silhueta­dos contra o fulgor do crepúsculo, delinearam-se os contornos arredondados de “um grande monte”, cercado por terras planas, vestidas de um arvoredo denso e majestoso.

Era 22 de abril ale 1500. Depois de 44 dias de viagem, a frota de Pedro Álvares Cabral vislumbrava terra – mais com alívio e prazer do que com surpresa ou espanto. Nos nove dias seguintes, nas enseadas generosas rio sul da Bahia, os 13 navios da maior amada já enviada às índias pela rota descoberta por Vasco da Gama permaneceriam reconhecendo a nova terra e seus habitantes.

O primeiro contato, amistoso como os demais, deu-se já no dia seguinte, quinta-feira, 23 de abril. O capitão Nicolau Coelho, veterano das Índias e companheiro de Gama, foi a terra, em um batel, e deparou com 18 homens “pardos, nus, com arcos e setas nas mãos”. Coelho deu-lhes um gorro vermelho, uma carapuça de linho e um sombreiro preto. Em troca, recebeu um cocar de plumas e um colar de contas brancas. O Brasil, batizado Ilha de Vera Cruz, entrava, naquele instante, no curso da História.

O descobrimento oficial do país está registrado com minúcia. Poucas são as nações que possuem uma “certidão de nascimento” tão precisa e fluente quanto a carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal, dom Manuel, relatando o “achamento” da nova terra. Ainda assim, uma dúvida paira sobre o amplo desvio de rota que conduziu a armada de Cabral muito mais para oeste do que o necessário para chegar à Índia. Teria sido o descobrimento do Brasil um mero acaso?

É provável que a questão jamais venha a ser esclarecida. No entanto, a assinaturas do Tratado de Tordesilhas, que, seis anos antes, dera si Portugal a posse das terras que ficassem a 370 léguas (em torno de 2.000 quilômetros) a oeste de Cabo Verde explique a naturalidade com que a nova terra foi avistada, o conhecimento preciso das correntes e das rotas, as condições climáticas durante a viagem e a alta probabilidade de que o país já tivesse sido avistado anteriormente parecem ser a garantia de que o desembarque, naquela manhã de abril de 1500, foi mera formalidade: Cabral poderia estar apenas tomando posse de uma terra que os portugueses já conheciam, embora superficialmente. Uma terra pela qual ainda demorariam cerca de meio século para se interessarem de fato.

Os Tupiniquins

Ao longo dos dez dias que passou no Brasil, a armada de Cabral tomou contato com cerca de 500 nativos.

Eram, se saberia depois, tupiniquins – uma das tribos do grupo tupi-guarani que, no início do século 16, ocupava quase todo o litoral do Brasil. Os tupis-guaranis tinham chegado à região numa série de migrações de fundo religioso (em busca da “Terra sem Males”, no começo da Era Cristã. Os tupiniquins viriam no sul da Bahia e nas cercanias de Santos e Bertioga, em São Paulo. Eram uns 85 mil. Por volta de 1530, uniram-se aos portugueses na guerra contra os tupinambás-tamoios, aliados dos franceses. Foi uma aliança inútil: em 1570 já estavam praticamente extintos, massacrados par Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil.

Primeiras Expedições

O Brasil, ao contrario do Oriente, não possuía, em princípio, nenhum atrativo do ponto de vista comercial. Ao longo do período pré­-colonial foram, entretanto, enviadas várias expedições a nosso pais.

Primeiras expedições – Entre 1501 e 1502, Portugal enviou a primeira expedição com a finalidade de explorar e reconhecer o litoral brasileiro. Essa expedição, da qual se desconhece o nome do comandante, foi responsável pelo batismo de inúmeros lugares: cabo de S. Tomé, cabo Frio, São Vicente, etc. Com certeza, nessa expedição viajou o florentino Américo Vespúcio, que, posteriormente, em carta ao governante de Florença, Lourenço de Médici, irá declarar que não encontrou aqui nada de aproveitável. Apesar disso, constata a existência do pau-brasil, madeira tintorial conhecida dos europeus desde a Idade Média, que até então era importada do Oriente.

O pau-brasil – As primeiras atividades econômicas concentraram-se, pois, na extração ­daquela madeira, segundo o regime de estanco, isto é, sua exploração estava sob regime de monopólio régio. Como era costume, o rei co­locou em concorrência o contrato de sua exploração, que foi arrematada por um consórcio de mercadores de Lisboa chefiado pelo cristão novo Fernão de Noronha, em 1502.

No ano seguinte (1503) Fernão de Noronha montou uma expedição pata a extração do pau-brasil e fez o primeiro carregamento do produto.

No Brasil, foram estabelecidas então as feitorias, que eram lugares fortificados e funcionavam, ao mesmo tempo, como depósito de madeira. O pau-brasil era explorado através do escambo, no qual os indígenas forneciam a mão-de-obra para corte e transporte da madeira em troca de objetos de pouco valor para os portugueses.

Obs: Copiei do algosobre.

domingo, 7 de junho de 2009

Mulher portuguesa



Da Mulher Melancia à Marylin Monroe, o padrão de beleza feminino

Nas discussões em saula de aula, causou certo desconforto a alguns, motivo de riso a outros, a descrição da mulher portuguesa no Brasil Colonial. É certo porém, que a imagem real (e imaginária) do padrão de beleza feminino passa por mudanças ao longo do tempo. A razão dessa conversa iniciou ao se falar do texto O Impacto da Conquista onde procuramos, através dos dados que dispomos, imaginar como foram os primeiros contatos do homem europeu e os índigenas que viveram no Brasil.

Em relação a mulher indígena, que em se tratando de seu tipo físico que é muito semelhante ao da mulher brasileira atual, despertou (e até hoje desperta) interesses nos homens europeus. Ressalta-se que o padrão de beleza feminina do século XV era muito diferente da indígena brasileira, que além de possuir menos pêlos, era mais higiênica, pois banhava-se com muito mais frequência que as européias, até devido ao calor dos trópicos e a necessidade de refrescar-se.

Ao descrever a típica mulher portuguesa, sobretudo a pertecente a elite colonial, não se deve deixar de destacar que muitas delas cultivavam o sobrepeso, tinham quadris largos, queixo duplo, (as vezes triplo), pescoços braços e pernas muito largos e em grande parte exibiam buços tão espessos que mais se assemelhavam aos bigodes de alguns homens. Em relação a higiene, sabe-se que o frio europeu e a não existência de duchas (não tinham inventado) não inspirava banhos diários, mas sim semanais, ou a cada quinze dias, conforme as condições da pessoa. Ao marujo que desembarcava no Brasil, não tinha como deixar de comparar a mulher européia com as belas índias seminuas que habitavam o litoral brasileiro! Mas resta a pergunta: Por que as mulheres do século XV tinham que ser gordas?
Em primeiro lugar, a crença da fertilidade.

É uma crença pré-histórica. A Vênus de Willendorf foi esculpida entre 24.000 e 22.000 A.C., no período paleolítico. Observe o destaque dado às mamas, ao abdome e à vulva, como símbolos da fertilidade feminina.

A idéia de que as mulheres mais gordinhas eram mais férteis permaneceu muito tempo como válida. Pensava-se que a mulher mais gorda teria melhor condições de nutrir o feto, além disso não faltaria leite para o bebê.

A associação do corpo feminino à fertilidade se demonstra também na arte renascentista: É comum a predominância da mulher representada com quadris largos, uma referência a idéia predominante de que mulheres com essas características têm mais facilidade para parir.






Se pensarmos que sem os avanços da medicina obstétrica, como a cirurgia cesariana, por exemplo, muitos bebês e mães morriam no parto, a preferência por mulheres que poderiam dar a luz com mais facilidade faz sentido.




Retrato de Mulher Nua, de Rafael Sanzio (1518-1520). A modelo conhecida como La Fornarina, representa o padrão de beleza preferido pelo homem renascentista italiano.














Rembrandt – Bathsheba at her bath, 1654, óleo sobre tela.
O pintor holandês também faz a representação feminina com gordurinhas e quadris largos.













As três graças,

O que antes era beleza hoje é celulite e gorduras localizadas!


Por sua condição de deusas da beleza, eram associadas com Afrodite, deusa do amor. Também se identificavam com as primitivas musas, em virtude de sua predileção pelas danças corais e pela música. Nas primeiras representações plásticas, as Graças apareciam vestidas; mais tarde, contudo, foram representadas como jovens desnudas, de mãos dadas; duas das Graças olham numa direção e a terceira, na direção oposta.

Esse modelo, do qual se conserva um grupo escultórico da época helenística, foi o que se transferiu ao Renascimento e originou quadros célebres como "A primavera", de Botticelli, e "As três Graças", de Rubens.




Obs: Representante da elite agrária, a mulher portuguesa da primeira imagem optou por utlizar suas melhores jóias no momento do retrato.